Por Susilaine Moraes Aquino
A contribuição da Psicologia para o compromisso da ética na educação é fundamental, pois oferece a compreensão profunda dos processos cognitivos, emocionais e sociais que moldam o desenvolvimento humano e influenciam as interações dentro do ambiente educacional. Através de sua perspectiva integrativa, a Psicologia promove a reflexão sobre questões éticas essenciais e fornece orientações práticas para promover ambiente educacional baseado em valores éticos sólidos.
Em primeiro lugar, a Psicologia ajuda a cultivar cultura de respeito mútuo e empatia dentro de a comunidade escolar. Ao compreender as diferenças individuais, as necessidades emocionais e os desafios enfrentados pelos alunos, educadores podem adotar abordagens mais sensíveis e inclusivas, e assim criar ambiente de aprendizagem ético e acolhedor.
Além disso, a Psicologia desempenha papel crucial na promoção do desenvolvimento moral dos alunos. Através da educação moral e do ensino de habilidades socioemocionais, os educadores podem ajudar os alunos a desenvolverem senso de responsabilidade, justiça e integridade, fundamentais para a prática de comportamentos éticos ao longo da vida.
A Psicologia também oferece ideias ou percepções sobre a influência do ambiente escolar e das relações interpessoais na formação do caráter ético dos alunos. Ao criar cultura institucional que valoriza a honestidade, a cooperação e o respeito pelos outros, as escolas podem promover atitudes e comportamentos éticos entre os membros da comunidade escolar.
Além disso, a Psicologia da aprendizagem fornece estratégias eficazes para promover a autorregulação e o autocontrole dos alunos, habilidades essenciais para o desenvolvimento de comportamentos éticos. Ao ensinar métodos de resolução de conflitos e tomada de decisões éticas, os educadores capacitam os alunos a agirem de maneira ética em diferentes contextos e situações.
A ética profissional desempenha papel crucial na relação entre educadores e alunos, moldando o ambiente educacional em direção a uma convivência respeitosa e promotora do desenvolvimento humano. Segundo Vasquez (1992), a ética é o comportamento orientado por normas que visam ao bem, sendo parte integrante do comportamento moral. Esse comportamento moral se reflete na conduta do indivíduo e na sua interação com a sociedade.
A ética, diferenciada da moral pela sua natureza teórica, estabelece princípios que orientam as ações humanas em meio à sociedade. É importante destacar que a escola desempenha papel fundamental na formação ética dos alunos, em colaboração com as famílias. Juntas, família e escola têm a responsabilidade de formar cidadãos conscientes, capazes de pensar criticamente e agir de forma ética em suas vidas.
Na relação entre professor e aluno, é essencial que haja clima de respeito mútuo. Os professores devem oferecer suporte e orientação aos alunos, sem criar dependência. Por sua vez, os alunos devem respeitar seus professores, e colaborarem na construção do conhecimento e na superação de desafios.
Essa relação professor-aluno deve considerar três dimensões complementares: a axiológica, que visa garantir a livre expressão do ser humano e promover o desenvolvimento integral dos valores educacionais; a epistemológica, que demanda que os professores evitem dogmatismos e relativismos não fundamentados, para manter a qualidade do processo formativo; e a ética, que enfatiza que a relação entre o saber e o sujeito deve ser baseada em votação democrática, sem compromissos de natureza pessoal ou valores morais. Assim, a ética profissional na educação não apenas estabelece padrões de conduta, mas também promove ambiente de aprendizagem saudável e produtivo, onde valores como respeito, autonomia e responsabilidade são cultivados e valorizados.
A proposta de retroceder ao tempo e reativar as escolas militares representa equívoco que pode ter sérias repercussões no desenvolvimento criativo e integral dos alunos. A experiência já demonstrou os prejuízos dessa abordagem, que prioriza a disciplina rígida em detrimento da liberdade de expressão e do pensamento crítico. Escola militar tende a enfatizar a obediência e a conformidade, e para tanto, suprime a individualidade e inibe a capacidade dos alunos de explorarem sua criatividade e de desenvolverem habilidades essenciais para enfrentar os desafios do século XXI. Além disso, esse modelo de ensino pode contribuir para a perpetuação de estruturas hierárquicas autoritárias, em vez de promover valores democráticos e de cidadania ativa. Assim, investir na revitalização das escolas militares é retrocesso que compromete a formação de cidadãos críticos, autônomos e criativos, essenciais para o progresso e a inovação em nossa sociedade.
Em suma, a Psicologia desempenha papel vital para a educação, ao fornecer base teórica sólida e orientações práticas para cultivar cultura escolar fundamentada em valores de justiça social. Ao integrar as ideias e percepções da Psicologia em suas práticas educacionais, os educadores podem ajudar a preparar os alunos não apenas para o sucesso acadêmico, mas também para se tornarem cidadãos éticos e responsáveis em sociedade cada vez mais complexa.
Fonte: Instituto Shen