Blog Shen

Da essência à integralidade !

Psicologia

“A Neuropsicologia do Tempo: Como o Cérebro Transforma Instantes em Legado”

"O Tempo: a semente de a existência"

Por Susilaine Moraes Aquino

“Estudos em neurociência cognitiva revelam que a percepção do tempo está intrinsecamente ligada ao córtex pré-frontal — região responsável por planejamento, tomada de decisões e construção de significado. Quando operamos no modo ‘piloto automático’, o tempo se comprime em memórias difusas, como filme desfocado. Por outro lado, a presença ativa (atenção plena) dilata a experiência subjetiva, cria marcadores temporais ricos em aprendizados e ressonância emocional.

Nesse contexto, a alfabetização emocional (Mayer & Salovey, 1997) surge como ferramenta essencial para ressignificar nossa relação com o tempo: emoções mal geridas — como mágoa crônica ou ansiedade paralisante — sequestram recursos cognitivos, enquanto o foco no essencial (autoconhecimento, conexões profundas, contribuição significativa) ativa os circuitos dopaminérgicos de recompensa. O resultado? Legado construído não pela quantidade de horas, mas pela qualidade dos estados de fluxo (Csikszentmihalyi, 1990), onde tempo e propósito se fundem.

De tudo o que possuímos, o tempo é o único recurso verdadeiramente irrecuperável. Cada instante é uma semente lançada ao solo da existência: pode germinar em sabedoria ou apodrecer no arrependimento. A neurociência confirma o que a filosofia já intuía: a consciência temporal exige mais do que ocupar horas — exige habitar o agora com intencionalidade. Distrações vazias e emoções estagnadas não são apenas desperdícios; são sintomas de mente dispersa e de consciência adiada.

Priorizar o essencial transforma o relógio de tirano em aliado. Afinal, a eternidade não reside no infinito, mas na densidade do presente.

“Eternidade não reside no infinito”

  • O mito do “futuro eterno”: Culturalmente, associamos eternidade a algo sem fim — uma linha reta infinita. Mas, na prática, o “infinito” é abstrato e inalcançável; é apenas uma projeção da mente.
  • Armadilha da mente: Passamos a vida correndo atrás de um “amanhã” idealizado (ex.: “Quando eu tiver X, serei feliz”), adiando a vida real. O infinito, assim, vira uma fuga do agora.

“Mas na densidade do presente”

  • Densidade = profundidade + significado: O “presente denso” é aquele carregado de presença, onde você experiencia plenamente — seja em conexões, criação ou quietude. É o oposto de viver no “modo piloto automático”.
    • Exemplo: Dois minutos de conversa com total atenção valem mais que horas de diálogo distraído.
  • Neurociência comprova: Quando estamos plenamente atentos (atenção plena), o cérebro cria marcadores de memória mais ricos, dilata a percepção subjetiva do tempo. Ou seja: “eternidade” é a qualidade de o momento, não sua duração.
  • Filosofias convergentes:
    • Budismo: “O passado já se foi, o futuro ainda não existe. Só o presente é real.”
    • Estoicismo: “Aceite o que não pode controlar, aja no que pode — agora.”
    • Eckhart Tolle (autor de O Poder do Agora): “O presente é o único lugar onde a vida existe.”

 “Por que essa ideia é transformadora?”

  • Contra a cultura da produtividade tóxica: Vivemos obcecados por “otimizar tempo”, mas raramente por experienciá-lo. A eternidade não está em acumular horas, mas em como as vivemos.
  • Legado vs. Existência: Plantar uma árvore que outros colherão só é possível se estivermos totalmente ali no ato de plantar.

 “Que todo tempo seja investido como quem planta árvores sob cuja sombra nunca se sentará, mas que sustentarão o voo das próximas gerações.” Afinal, a eternidade não está no infinito, mas na qualidade do agora.

Fonte: Instituto Shen

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *