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Neuromodulação Psicologia

Neuromodulação Não Invasiva no Tratamento do Estresse e suas Consequências

Neuromodulação para o Controle de Estresse

Por Susilaine Moraes Aquino

Introdução

O estresse é resposta fisiológica e psicológica a estímulos adversos ou demandas excessivas, e pode desencadear alterações neuroendócrinas, imunológicas e comportamentais. Quando crônico, está associado a transtornos de ansiedade, depressão, disfunções cognitivas e doenças cardiometabólicas. Dentre as abordagens terapêuticas inovadoras, a neuromodulação não invasiva destaca-se por modular a atividade neural de forma segura e eficaz, oferece alternativa promissora para o manejo do estresse e suas comorbidades.

Fundamentos da Neuromodulação Não Invasiva

A neuromodulação não invasiva engloba técnicas que atuam sobre o sistema nervoso central (SNC) sem necessidade de intervenção cirúrgica, utiliza estímulos elétricos, magnéticos ou luminosos para regular a excitabilidade neuronal. As principais modalidades incluem:

  1. Estimulação Magnética Transcraniana (EMT/rTMS)
    • Aplicação de campos magnéticos focais para induzir correntes elétricas em regiões corticais específicas, como o córtex pré-frontal dorsolateral (CPFDL), associado ao controle emocional.
    • Efeitos neuroplásticos: aumento da neurogênese, modulação de neurotransmissores (serotonina, dopamina, GABA) e redução da hiperatividade amigdaliana.
  2. Estimulação por Corrente Contínua (tDCS/tACS)
    • Aplicação de correntes de baixa intensidade para modular a polarização neuronal, a fim de facilitar (anódica) ou inibir (catódica) a atividade neural.
    • Estudos demonstram melhora na regulação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA) e redução de marcadores inflamatórios (IL-6, cortisol).
  3. Estimulação do Nervo Vago (nVNS)
    • Ativação não invasiva do nervo vago, o que modula vias parassimpáticas e reduzir a resposta ao estresse.

Mecanismos de Ação no Estresse

A neuromodulação atua em múltiplos níveis:

  • Regulação do Eixo HHA: Normaliza a liberação de cortisol,e com isso mitiga os efeitos deletérios do estresse crônico.
  • Plasticidade Sináptica: Induz neuroadaptações no CPFDL e hipocampo, estruturas críticas para resiliência ao estresse.
  • Modulação Autonômica: Restaura o equilíbrio simpato-vagal, reduz taquicardia e hiperventilação associadas à ansiedade.

Evidências Científicas

Ensaios clínicos demonstram:

  • Redução de sintomas em pacientes com estresse pós-traumático (TEPT) e burnout (Zandvakili et al., 2019).
  • Melhora cognitiva, com aumento da atenção e memória de trabalho após tDCS (Brunoni et al., 2020).
  • Efeitos duradouros, sustentados por até 6 meses após protocolos de rTMS (Philip et al., 2018).

Aplicações Clínicas e Considerações

  • Personalização: Parâmetros (frequência, localização) devem ser ajustados conforme o perfil clínico.
  • Segurança: Poucos efeitos adversos (leve cefaleia ou irritação cutânea).
  • Integração: Pode ser associada a psicoterapia e farmacoterapia para sinergia terapêutica.

Conclusão

A neuromodulação não invasiva representa avanço significativo no tratamento do estresse, oferece método seguro, baseado em evidências e com potencial para restabelecer a homeostase neural. Novos estudos são necessários para otimizar protocolos e expandir aplicações, e consolidar seu papel na medicina de precisão.

Referências

  • Brunoni, A. R. et al. (2020). J Clin Psychiatry.
  • Philip, N. S. et al. (2018). Biol Psychiatry.
  • Zandvakili, A. et al. (2019). Brain Stimulation.

Fonte: Instituto Shen

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