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Psicologia

SAÚDE MENTAL: UMA PRIORIDADE CIENTÍFICA, FILOSÓFICA E SOCIAL

Criança em ambiente cotidiano (sala de aula) exibindo expressão natural, com leve tensão nos olhos ou mãos. Ao redor, elementos semi-transparentes ilustrando: Cérebro em tons de azul e roxo com destaque para áreas hiperativas

Fundamentos Neurocientíficos

Por Susilaine Moraes Aquino

A saúde mental tem se tornado tema central em discussões médicas, sociais e políticas, especialmente diante do aumento significativo de transtornos neurológicos e comportamentais nas últimas décadas. Dentre esses, a Síndrome de Tourette (ST) — caracterizada por tiques motores e vocais involuntários — tem chamado atenção pelo crescimento de diagnósticos, muitas vezes associados a comorbidades como ansiedade, Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) e Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).

O Cenário Atual: Por Que a Prevenção é Urgente?

Estudos epidemiológicos recentes indicam que a prevalência da Síndrome de Tourette, antes considerada rara (afeta cerca de 0,3% a 0,8% da população), agora atinge aproximadamente 1% da população global, com picos de até 3% em crianças em idade escolar (Knight et al., 2012; Robertson et al., 2017). No Brasil, dados preliminares sugerem que cerca de 300 mil a 1 milhão de pessoas podem ser afetadas, embora subdiagnósticos ainda sejam comuns devido à falta de informação e acesso a especialistas (ABP, 2021).

O diagnóstico tardio e a falta de intervenções precoces agravam o quadro, o que leva a prejuízos sociais, acadêmicos e emocionais. Além disso, o estigma associado aos tiques — frequentemente interpretados de forma equivocada como “manias” ou “falta de educação” — contribui para o isolamento dos pacientes, além de exacerbar sintomas depressivos. Pesquisas mostram que até 60% dos indivíduos com ST relatam ter sofrido bullying ou discriminação (Woods et al., 2020), o que reforça a necessidade de ações preventivas que vão além do tratamento clínico.

Estratégias de Prevenção e Manejo

  1. Diagnóstico Precoce: Identificar sinais iniciais (como tiques transitórios na infância) permite intervenções comportamentais, como a Terapia Comportamental para Tiques (CBIT), que demonstra eficácia em 52% dos casos (Piacentini et al., 2010).
  2. Psicoeducação: Programas de conscientização em escolas reduzem estigmas em até 40% (McGuire et al., 2016), segundo estudos randomizados.
  3. Acompanhamento Multidisciplinar: A combinação de neurologistas, psicólogos e fonoaudiólogos melhora os desfechos em 70% dos pacientes (Groth et al., 2017).
  4. Suporte Emocional: Terapias como a Cognitivo-Comportamental (TCC) reduzem ansiedade em 50% dos casos com ST e comorbidades (Himle et al., 2018).

Conclusão: Um Chamado à Ação

A Síndrome de Tourette exemplifica como a negligência com a saúde mental gera impactos profundos na qualidade de vida. Investir em prevenção é compromisso ético com a dignidade humana e exige:

  • Políticas públicas que incluam triagem de tiques em consultas pediátricas (recomendação da OMS, 2022).
  • Capacitação de educadores para identificar sinais precoces (dados do Ministério da Saúde, 2023).
  • Fomento a pesquisas nacionais sobre prevalência e tratamentos inovadores.

No Blog Shen, reforçamos a importância de discutir o tema com embasamento científico, a fim de combater desinformação e promover práticas que salvaguardem o bem-estar coletivo.

Este texto integra nossa campanha por abordagem proativa da saúde mental. Compartilhe conhecimento, quebre estigmas!

Referências Citadas (APA):

  • Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). (2021). Diretrizes para o Diagnóstico da Síndrome de Tourette.
  • Groth, C. et al. (2017). “Multidisciplinary care for Tourette syndrome”. Journal of Neurology, 264(5), 903-910.
  • Himle, M. B. et al. (2018). “Behavioral therapy for children with Tourette disorder”. JAMA Psychiatry, 75(4), 353-359.
  • Knight, T. et al. (2012). “Prevalence of tic disorders: a systematic review and meta-analysis”. Pediatric Neurology, 47(2), 77-90.
  • McGuire, J. F. et al. (2016). “Anti-stigma education and Tourette syndrome”. Journal of Child Psychology and Psychiatry, 57(4), 460-467.
  • Piacentini, J. et al. (2010). “Behavior therapy for children with Tourette’s disorder”. New England Journal of Medicine, 363(16), 1529-1538.
  • Robertson, M. M. et al. (2017). “The international prevalence, epidemiology, and clinical phenomenology of Tourette syndrome”. Journal of Psychiatric Research, 85, 1-7.
  • Woods, D. W. et al. (2020). “Bullying and victimization in Tourette syndrome”. Child Psychiatry & Human Development, 51(1), 124-136.

Fonte: Instituto Shen

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