Por Susilaine Moraes Aquino
Programação em Eletroterapia para Estimulação Neurofuncional
A eletroterapia é ferramenta terapêutica que utiliza correntes elétricas aplicadas de forma controlada para estimular tecidos biológicos. Na estimulação neurofuncional, essa técnica é direcionada para a recuperação e reabilitação de funções neuromusculares comprometidas, por auxiliar no fortalecimento muscular, alívio da dor e promoção da neuroplasticidade.
Objetivos da Programação em Eletroterapia
- Reabilitação Neuromuscular: Restaurar ou melhorar a funcionalidade de músculos paralisados ou debilitados.
- Redução da Dor: Utilização de correntes específicas (como TENS) para alívio de dores crônicas ou agudas.
- Melhora na Circulação Sanguínea: Estimular o fluxo sanguíneo local, promover a oxigenação tecidual.
- Neuroplasticidade: Facilitar a reorganização funcional do sistema nervoso em pacientes com lesões neurológicas.
Principais Correntes Utilizadas
- Corrente Russa: Indicada para fortalecimento muscular e ativação de grandes grupos musculares.
- FES (Estimulação Elétrica Funcional): Focada em promover movimentos funcionais, especialmente em pacientes com lesões neurológicas.
- TENS (Estimulação Elétrica Transcutânea): Amplamente utilizada para analgesia.
- Corrente Galvânica: Aplicada para regeneração tecidual e redução de inflamações.
Indicações da Eletroterapia Neurofuncional
- Paralisia facial.
- Lesões medulares.
- Hemiparesia decorrente de AVC.
- Doenças neurológicas degenerativas (como esclerose múltipla).
- Reabilitação pós-cirúrgica.
Abordagem Personalizada
Cada paciente possui necessidades específicas, e a programação em eletroterapia deve ser cuidadosamente ajustada considerando:
- Intensidade e frequência da corrente.
- Tempo de aplicação.
- Local de colocação dos eletrodos.
Combinada a outras terapias, como a acupuntura e a fisioterapia, a eletroterapia para estimulação neurofuncional tem se mostrado recurso de grande impacto na promoção da saúde e bem-estar, por contribuir para a autonomia e qualidade de vida dos pacientes.
A estimulação neurofuncional é técnica de eletroterapia que visa estimular o sistema nervoso a fim de melhorar a função motora e/ou sensorial de indivíduos com lesões neurológicas, como acidente vascular cerebral (AVC), lesão medular, entre outras. É importante lembrar que a eletroterapia deve ser realizada somente sob a supervisão de profissional habilitado e qualificado e em conjunto com outras formas de terapia.
A seguir, estão alguns parâmetros gerais que podem ser usados como ponto de partida para a programação em eletroterapia para estimulação neurofuncional:
Frequência: A frequência pode variar de 1 a 100 Hz, dependendo do objetivo da terapia.
Intensidade: A intensidade deve ser ajustada para sensação confortável de formigamento ou contração muscular, geralmente entre 10 e 50 mA.
Largura do pulso: A largura do pulso pode variar de 50 a 1000 microssegundos, a depender do objetivo da terapia.
Modo de operação: O modo de operação pode ser contínuo ou alternado, de acordo objetivo da terapia.
Tempo de estimulação: O tempo de estimulação pode variar de 10 a 60 minutos, conforme a área a ser tratada e da condição do paciente.
Tempo de descanso: O tempo de descanso deve ser igual ou maior que o tempo de estimulação, geralmente de 20 a 40 minutos.
Número de sessões: O número de sessões pode variar de 2 a 3 sessões por semana, com intervalo de pelo menos 48 horas entre as sessões.
É importante lembrar que a programação da eletroterapia para estimulação neurofuncional deve ser adaptada às necessidades e objetivos individuais de cada paciente e realizada em conjunto com outras formas de terapia. Neuropsicólogos, Fisioterapeutas, Terapeutas Ocupacionais, Educadores Físicos, – especializados tecnicamente em eletroterapia -, são os profissionais indicados para ajustar a programação da eletroterapia e acompanhar o progresso do paciente.
Detalhamento sobre as principais correntes mencionadas, suas características, aplicações, e quando utilizá-las:
Corrente Galvânica (Corrente Contínua Unidirecional)
Características:
- É corrente contínua de fluxo unidirecional.
- Produz efeito polarizante (ânodo e cátodo), o que influencia diretamente os tecidos.
- Permite a introdução de substâncias (iontoforese).
Indicações:
- Lesões teciduais superficiais (como úlceras de pressão).
- Edemas inflamatórios.
- Tratamentos que necessitam de iontoforese (administração transdérmica de medicamentos).
Contraindicações:
- Pacientes com dispositivos eletrônicos implantados (como marcapassos).
- Presença de lesões abertas ou pele danificada, dependendo do caso.
Uso Clínico: Ideal para regeneração tecidual, redução de inflamação e ativação do metabolismo local.
Corrente Alternada (Corrente Sinusoidal de Alta Frequência)
Características:
- Alterna polaridade de forma constante.
- Utilizada principalmente em correntes de média frequência (como a corrente russa).
- Proporciona maior conforto ao paciente, devido à redução da resistência da pele.
Indicações:
- Fortalecimento muscular (ex.: em casos de atrofia muscular).
- Melhora do trofismo tecidual.
- Estímulo funcional em grupos musculares.
Uso Clínico: Indicada para reabilitação neuromuscular e fortalecimento muscular, principalmente em pacientes com perda de tônus.
Corrente Mista (Combinada)
Características:
- Combinação de corrente contínua (galvânica) e alternada.
- Maximiza os efeitos terapêuticos de ambas as correntes.
Indicações:
- Estímulo de tecidos profundos com maior eficácia.
- Casos que exigem analgesia e regeneração ao mesmo tempo.
Uso Clínico: Aplicada em situações que necessitam de múltiplos efeitos terapêuticos simultâneos.
Corrente Burst (Ráfagas)
Características:
- Corrente alternada modulada em “explosões” (ráfagas).
- Fornece estímulos intermitentes, com pausas programadas.
Indicações:
- Fortalecimento muscular em pacientes com debilidade ou atrofia.
- Reeducação neuromuscular.
- Estímulos mais intensos para grandes grupos musculares.
Uso Clínico: Muito utilizada em fortalecimento muscular e recuperação funcional de membros após períodos de imobilização.
Corrente Contínua (Sem Modulação)
Características:
- Fluxo contínuo e uniforme, similar à corrente galvânica, mas sem ênfase nos efeitos polares.
Indicações:
- Casos em que se busca estimular tecidos de forma constante e suave.
- Útil em protocolos de regeneração celular.
Uso Clínico: Usada para cicatrização de feridas e melhora da circulação em áreas lesionadas.
Microcorrente (MENS – Microcurrent Electrical Neuromuscular Stimulation)
Características:
- Intensidade muito baixa (geralmente de 0,5 mA a 2 mA).
- Atua em níveis celulares, promove regeneração e estímulo metabólico.
Indicações:
- Regeneração tecidual (feridas, úlceras, cicatrizes).
- Alívio de dor crônica.
- Casos em que correntes de maior intensidade são contraindicadas.
Uso Clínico: Excelente para reparo tecidual profundo e alívio de dor com conforto ao paciente. Ideal em casos mais delicados, como em crianças idosos ou pacientes com hipersensibilidade.
Resumo: Escolha da Corrente
- Regeneração Tecidual: Corrente galvânica, microcorrente.
- Fortalecimento Muscular: Corrente alternada, burst.
- Redução da Dor: Microcorrente, corrente burst.
- Melhora da Circulação: Corrente alternada, mista.
- Tratamento com Medicamentos Transdérmicos: Corrente galvânica.
Fonte: Instituto Shen