Por Susilaine Moraes Aquino
Introdução:
A saúde mental no ambiente de trabalho tem se tornado tema urgente diante do avanço da precarização laboral, da flexibilização excessiva de direitos e da cobrança por produtividade inalcançável. Profissionais de diversas áreas – como professores, jornalistas e gestores – enfrentam condições degradantes, que incluem assédio moral, pressão por metas irreais e até a obrigatoriedade de fraudar dados institucionais. Como especialistas em saúde mental, precisamos discutir os impactos dessas práticas e mobilizar a sociedade por mudanças estruturais.
1. A Erosão dos Direitos Trabalhistas e Seus Efeitos Psicológicos
A migração forçada para regimes como Pessoa Jurídica (PJ) e a perda de garantias da CLT (férias, 13º salário, licença médica) geram insegurança econômica e sobrecarga emocional. Estudos mostram que a falta de estabilidade no trabalho está diretamente ligada ao aumento de:
- Síndrome de Burnout (esgotamento profissional crônico);
- Transtornos de ansiedade e depressão;
- Adoecimento físico (distúrbios do sono, doenças psicossomáticas).
A narrativa de que “direitos trabalhistas impedem o crescimento” ignora que ambientes precarizados reduzem a produtividade a longo prazo e aumentam os custos com afastamentos e tratamentos de saúde.
2. Pressão por Resultados e a Cultura da Fraude Institucional
Em setores como educação e comunicação, profissionais são coagidos a:
- Manipular dados (frequência, notas, métricas de desempenho);
- Adotar práticas antiéticas (como usar IA para falsificar produções estudantis);
- Ocultar falhas do sistema sob risco de demissão ou retaliação.
Essa dinâmica cria conflito ético permanente, e leva a:
- Sofrimento psíquico (culpa, despersonalização, perda de sentido no trabalho);
- Desistência da carreira (pedidos de exoneração, abandono de função);
- Perseguição a gestores que se recusam a compactuar com irregularidades.
3. O Papel dos Psicólogos e da Sociedade na Mudança
Como agentes de saúde mental, devemos:
– Denunciar condições abusivas de trabalho em parceria com sindicatos e órgãos fiscalizadores;
– Promover políticas organizacionais que priorizem metas realistas e ambientes seguros;
– Ampliar o debate público sobre os custos humanos da precarização.
Aos profissionais em sofrimento: Busquem apoio psicológico e redes de acolhimento. Aos gestores e políticos: Lembrem-se que nenhum indicador econômico justifica o adoecimento em massa de trabalhadores.
Conclusão:
A saúde mental não é benefício, mas sim direito fundamental. É hora de exigir que o progresso não seja medido apenas por números, mas pela dignidade do trabalho. A Campanha de Saúde Mental do Instituto Shen está comprometida com essa luta – e você pode fazer parte.
Compartilhe essa reflexão. O silêncio só beneficia a injustiça.
Fonte: Instituto Shen
Excelente sua colocação e conclusão com o tema abordado!
A situação só faz piorar à medida que o tempo passa!
Parabéns ao Instituto Shen por estar comprometido em abraçar essa causa!