Blog Shen

Da essência à integralidade !

Psicologia

O Impacto da Desinformação e das Redes Sociais na Saúde Mental dos Jovens Brasileiros: Um Legado Pós-Pandêmico

Por Susilaine Moraes Aquino

Em 2025, a saúde mental da juventude brasileira ainda carrega as marcas profundas deixadas pela pandemia de COVID-19. Embora o período agudo da crise sanitária tenha passado, seus efeitos psicológicos persistem – e se entrelaçam com novos desafios digitais. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS, 2025), o Brasil mantém índices alarmantes de transtornos mentais entre jovens, com 28% relatando sintomas de ansiedade e 15% de depressão. Este artigo examina como a desinformação e o uso de redes sociais continuam impactando esse cenário, agora em contexto pós-pandêmico que demanda abordagens específicas.

1. A Pandemia como Ponto de Inflexão

A crise sanitária (2020-2022) representou divisor de águas:

  • Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2024) mostram que 34% dos jovens desenvolveram transtornos de ansiedade durante a pandemia, muitos sem acesso a tratamento adequado
  • O isolamento social forçado acelerou em 5 anos a adoção de hábitos digitais, segundo relatório da Fundação Getúlio Vargas (FGV, 2024)
  • Pesquisa longitudinal da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP, 2025) revela que 60% dos casos de fobia social em adolescentes têm origem no período pandêmico

Fatores agravantes:

  • Pressão por desempenho (acadêmico/profissional).
  • Excesso de exposição digital (comparação social e FOMO – Fear of Missing Out).
  • Falta de acesso a serviços de saúde mental (apenas 20% dos municípios brasileiros possuem CAPS Infantojuvenis).

O Papel das Redes Sociais e da Desinformação:

As redes sociais, embora úteis para conexão, também são vetores de riscos à saúde mental:

  • Ciberbullying e autoimagem distorcida:
  • Estudo da Universidade de São Paulo (USP, 2023) associa o uso prolongado de Instagram e TikTok a aumento das taxas de insatisfação corporal entre adolescentes.

Desinformação sobre transtornos mentais:

  • Apesar dos avanços da Lei da Saúde Mental (Lei nº 10.216/2001), persistem barreiras:
  • Falta de profissionais no SUS: Apenas 1 psicólogo para cada 20 mil habitantes em algumas regiões (CFP, 2023).

Estigma e falta de educação emocional: Escolas ainda não priorizam a saúde mental na grade curricular.

  • Conteúdos que romantizam a depressão ou propagam “curas alternativas” sem embasamento científico (ex.: “você não precisa de terapia, basta positivismo”).
  • Pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ, 2023) alerta para a proliferação de fake news sobre medicamentos psiquiátricos.

Por que ainda importa em 2025?

Os transtornos desenvolvidos nesse período não desapareceram magicamente. Eles se transformaram em condições crônicas que continuam demandando atenção do sistema de saúde e adaptações nas políticas públicas.

2. Redes Sociais na Era Pós-Pandêmica: Novos Padrões, Velhos Problemas

A relação dos jovens com as plataformas digitais hoje é herança direta do comportamento desenvolvido durante os lockdowns (bloqueios):

Padrões Consolidados:

  • Média de 6h23min diárias em redes sociais entre jovens de 15-19 anos (TIC Kids Online Brasil, 2025)
  • 48% relatam dificuldade para manter interações sociais presenciais (Estudo Juventude Conectada, 2025)

Novas Formas de Desinformação:

  • Surgimento de “terapias digitais” não regulamentadas que prometem “curar” sequelas pandêmicas
  • Aumento de 120% em perfis que romantizam transtornos desde 2021 (Monitoramento SaferNet, 2025)

3. Desafios Atuais no Atendimento

O sistema de saúde mental brasileiro ainda luta para absorver a demanda gerada pela pandemia:

  • Fila de espera para primeiro atendimento psicológico no SUS chega a 8 meses em 12 estados (Ministério da Saúde, 2025)
  • 75% das escolas públicas não implementaram programas de acolhimento emocional pós-pandemia (Todos Pela Educação, 2025)

4. Estratégias para 2025 e além

As soluções devem considerar tanto o legado pandêmico quanto os novos desafios digitais:

Prioridades Imediatas:

  1. Programas de triagem digital para identificar jovens com sequelas psicológicas da pandemia
  2. Parcerias com plataformas para combater desinformação sobre saúde mental
  3. Capacitação de educadores para lidar com as novas dinâmicas sociais pós-isolamento

Iniciativas em Destaque:

  • Projeto “Conecte-se à Vida” do Ministério da Saúde (2024-2026) que une atendimento online e presencial
  • Guia de Boas Práticas Digitais para adolescentes, desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Pediatria (2025)

Conclusão
Em 2025, discutir saúde mental juvenil sem considerar o impacto duradouro da pandemia seria como tratar o paciente sem conhecer seu histórico médico. Os desafios atuais são, em grande parte, o resultado de processos desencadeados durante a crise sanitária – agora potencializados pelo ecossistema digital. A resposta eficaz exigirá políticas que reconheçam essa complexa intersecção entre passado e presente.

Fontes Atualizadas (2024-2025):

  • OPAS: Relatório Saúde Mental nas Américas (2025)
  • IBGE: Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (2024)
  • Ministério da Saúde: Painel de Atenção à Saúde Mental (2025)
  • TIC Kids Online Brasil: Comportamento Digital Juvenil (2025)

Contexto Histórico:

Este artigo considera que a pandemia de COVID-19 (2020-2022) foi evento transformador cujos impactos na saúde mental ainda influenciam a realidade brasileira em 2025, conforme demonstrado por estudos longitudinais recentes.

“Apesar de a pandemia ter ‘terminado’ oficialmente, seus efeitos psicológicos e sociais são de longo prazo, assim como ocorreu com gerações afetadas por crises econômicas ou guerras.”

Fonte: Instituto Shen (Este artigo foi revisado por especialistas em psicologia e políticas públicas. Para mais informações, consulte um profissional de saúde mental)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *