Por Susilaine Moraes Aquino
Os Benefícios do Tratamento com Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua (tDCS) na Doença de Parkinson
A Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua (tDCS) tem se apresentado como abordagem terapêutica promissora no manejo da doença de Parkinson (DP), condição neurodegenerativa caracterizada pela perda progressiva de neurônios dopaminérgicos na substância negra, e que resulta em sintomas motores e não motores. A tDCS é técnica não invasiva de neuromodulação que utiliza correntes elétricas de baixa intensidade para modular a excitabilidade cortical e promover alterações neuroplásticas que podem melhorar a função cerebral.
Mecanismo de Ação
A tDCS atua por meio da aplicação de corrente elétrica contínua através de eletrodos posicionados no couro cabeludo, que modula a atividade neuronal em regiões corticais específicas. A corrente anódica (positiva) tende a aumentar a excitabilidade cortical, enquanto a corrente catódica (negativa) pode reduzir a excitabilidade. No contexto da DP, a tDCS é frequentemente direcionada ao córtex motor primário, córtex pré-frontal dorsolateral (CPFDL) e outras áreas associadas ao controle motor e funções cognitivas.
Benefícios Clínicos
- Melhora dos Sintomas Motores: Estudos demonstram que a tDCS pode reduzir a bradicinesia, a rigidez muscular e os tremores, sintomas motores centrais da DP. A modulação do córtex motor e de áreas associadas parece facilitar a reorganização neural, melhorar a conectividade funcional e a execução de movimentos.
- Impacto nas Funções Cognitivas: A DP está frequentemente associada a déficits cognitivos, como lentidão de processamento, dificuldades de memória e funções executivas. A aplicação de tDCS no CPFDL tem mostrado potencial para melhorar o desempenho cognitivo, especialmente em tarefas que exigem atenção, planejamento e flexibilidade mental.
- Redução de Sintomas Não Motores: A tDCS também pode beneficiar sintomas não motores, como depressão, ansiedade e fadiga, comuns em pacientes com DP. A modulação de áreas corticais envolvidas na regulação emocional, como o córtex pré-frontal, pode contribuir para a melhora do bem-estar psicológico.
- Segurança e Tolerabilidade: A tDCS é técnica segura, não invasiva e bem tolerada, com efeitos colaterais mínimos, como leve desconforto no local da aplicação ou formigamento temporário. Isso a torna uma opção atraente para pacientes que não respondem adequadamente a tratamentos farmacológicos ou que buscam terapias complementares.
- Potencial Sinérgico com Outras Terapias: A tDCS pode ser combinada com outras intervenções, como fisioterapia, terapia ocupacional e treinamento cognitivo, e potencializar seus efeitos. Além disso, há evidências de que a tDCS pode aumentar a eficácia de medicamentos dopaminérgicos, como a levodopa.
Considerações Futuras
Apesar dos resultados promissores, são necessários mais estudos randomizados, controlados e de longo prazo para estabelecer protocolos otimizados de tDCS, o que inclui parâmetros de estimulação (intensidade, duração e localização dos eletrodos) e identificar subgrupos de pacientes que possam se beneficiar mais dessa terapia. A integração da tDCS com técnicas de neuroimagem e biomarcadores também pode ajudar a personalizar o tratamento e monitorar sua eficácia.
Conclusão
A tDCS representa ferramenta terapêutica inovadora e versátil no manejo da doença de Parkinson, com potencial para melhorar tanto os sintomas motores quanto não motores. Sua aplicação segura, não invasiva e adaptável a diferentes contextos clínicos a torna opção valiosa no arsenal terapêutico para pacientes com DP, o que contribui para melhor qualidade de vida e funcionalidade.
Fonte: Instituto Shen