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Tratamento tDCS - Na Afasia no Pós AVC

Por Susilaine Moraes Aquino

Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua (tDCS) no Tratamento da Afasia:

A afasia, é distúrbio de comunicação resultante de lesões cerebrais, frequentemente associadas a acidentes vasculares cerebrais (AVCs), traumatismos cranioencefálicos ou doenças neurodegenerativas, impacta significativamente a capacidade de linguagem, incluindo a fala, compreensão, leitura e escrita. Diante dos desafios enfrentados pelos pacientes e da necessidade de intervenções eficazes, a Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua (tDCS, do inglês transcranial Direct Current Stimulation) emerge como abordagem promissora no campo da neuroreabilitação.

A tDCS é técnica não invasiva de neuromodulação que utiliza correntes elétricas de baixa intensidade (geralmente entre 1 e 2 mA) para modular a excitabilidade cortical. A corrente é aplicada por meio de eletrodos posicionados no escalpo, em regiões específicas do cérebro associadas à linguagem, como o córtex pré-frontal dorsolateral esquerdo ou a área de Broca. A polaridade dos eletrodos (anódica ou catódica) determina o efeito da estimulação: a anódica tende a aumentar a excitabilidade neuronal, enquanto a catódica pode reduzi-la ou modular a atividade neural de forma inibitória.

No contexto da afasia, a tDCS tem sido utilizada como ferramenta adjuvante à terapia fonoaudiológica tradicional. Estudos clínicos e experimentais sugerem que a aplicação de tDCS anódica sobre áreas do hemisfério esquerdo relacionadas à linguagem pode potencializar a plasticidade neural, facilitar a reorganização funcional do cérebro e melhorar os déficits de comunicação. Além disso, a técnica pode ser combinada com estratégias de estimulação do hemisfério direito, a fim de equilibrar a atividade inter-hemisférica, que frequentemente se encontra desregulada em pacientes com afasia.

A eficácia da tDCS no tratamento da afasia tem sido avaliada em diversos ensaios clínicos, com resultados encorajadores. Pesquisas indicam melhorias significativas em tarefas de nomeação, fluência verbal e compreensão auditiva após sessões repetidas de tDCS, especialmente quando associadas a exercícios de reabilitação linguística. No entanto, é importante destacar que a resposta à técnica pode variar entre indivíduos, a depender de fatores como a localização e extensão da lesão cerebral, o tempo decorrido desde o evento neurológico e as características individuais da plasticidade neural.

A segurança da tDCS é outro aspecto relevante. A técnica é considerada segura e bem tolerada, com efeitos colaterais geralmente leves e transitórios, como formigamento no local da aplicação, leve desconforto ou vermelhidão na pele. Contudo, é essencial que a aplicação seja realizada por profissionais capacitados, por meio de protocolos estabelecidos e consideradas as contraindicações, como a presença de implantes metálicos intracranianos ou histórico de convulsões.

Apesar do potencial terapêutico da tDCS, é fundamental reconhecer que a técnica ainda está em fase de consolidação científica. Novos estudos são necessários para otimizar os parâmetros de estimulação (intensidade, duração, localização dos eletrodos) e identificar os subgrupos de pacientes que mais se beneficiam da intervenção. Além disso, a integração da tDCS com outras modalidades de tratamento, como a terapia intensiva de linguagem e o uso de tecnologias assistivas, pode ampliar seu impacto na reabilitação da afasia.

Em conclusão, a tDCS representa abordagem inovadora e promissora no tratamento da afasia, oferece alternativa terapêutica segura e potencialmente eficaz para pacientes com déficits de linguagem. À medida que a pesquisa avança, espera-se que a técnica se consolide como recurso valioso no arsenal terapêutico da neuroreabilitação, a contribuir para melhorar a qualidade de vida e a funcionalidade comunicativa dos indivíduos afetados por essa condição desafiadora.

Fonte: Instituto Shen

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