Estimulação elétrica transcraniana para Degeneração Macular

Por Susilaine Moraes Aquino

A degeneração macular é condição oftalmológica que afeta a mácula, a parte central da retina responsável pela visão detalhada e pela percepção de cores. Pode ser classificada em dois tipos: degeneração macular seca (mais comum e de progressão lenta) e degeneração macular úmida (menos comum, mas mais grave e de progressão rápida). Embora o tratamento convencional inclua medicamentos, terapia a laser e injeções intravítreas, a estimulação elétrica transcraniana tem emergido como abordagem promissora para complementar o tratamento, promover neuroproteção, neuroplasticidade e melhoria da função visual.

A estimulação elétrica transcraniana pode ser aplicada no contexto da degeneração macular.

Técnicas de Estimulação Elétrica Transcraniana para Degeneração Macular:

1. Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua (tDCS):

Como Funciona:
A tDCS aplica corrente elétrica contínua de baixa intensidade (1-2 mA) através de eletrodos posicionados no couro cabeludo, para modular a excitabilidade cortical.

Aplicação para Degeneração Macular:

• Mecanismo de Ação:
  A tDCS pode modular a atividade do córtex visual primário (localizado no lobo occipital) e de áreas associadas ao processamento visual, promover neuroplasticidade e neuroproteção.
• Protocolo:
  • Eletrodo Ativo (Anódico): Posicionado sobre o córtex visual (região O1 ou O2 no sistema 10-20 de EEG).
  • Eletrodo de Referência (Catódico): Posicionado em área extra-craniana.
  • Intensidade: 1-2 mA.
  • Duração: 20-30 minutos por sessão.
  • Frequência: 10 sessões, realizadas diariamente ou em dias alternados.
• Benefícios Potenciais:
  • Melhoria da função visual residual.
  • Aumento da sensibilidade ao contraste e à luz.
  • Retardo da progressão da degeneração.

2. Estimulação Transcraniana por Corrente Alternada (tACS)

Como Funciona:
A tACS utiliza correntes oscilatórias com frequências específicas para sincronizar a atividade neural.

Aplicação para Degeneração Macular:

• Mecanismo de Ação:
  A tACS pode sincronizar a atividade do córtex visual e de redes neurais associadas à visão, melhorar a comunicação entre regiões cerebrais.
• Protocolo:
  • Frequência: 10 Hz (alfa) para relaxamento e modulação visual ou 40 Hz (gama) para potencializar o processamento visual.
  • Intensidade: 1-2 mA.
  • Duração: 20-30 minutos por sessão.
  • Frequência: 10 sessões.
• Benefícios Potenciais:
  • Melhoria da percepção visual.
  • Aumento da plasticidade neural no córtex visual.

3. Estimulação Transcraniana por Ruído Randômico (tRNS):

Como Funciona:
A tRNS aplica correntes elétricas com amplitude e frequência variáveis de forma aleatória, induzindo plasticidade neural.

Aplicação para Degeneração Macular:

• Mecanismo de Ação:
  A tRNS pode aumentar a excitabilidade cortical e facilitar a comunicação entre neurônios no córtex visual.
• Protocolo:
  • Faixa de Frequência: 100-640 Hz (alta frequência).
  • Intensidade: 1-2 mA.
  • Duração: 20-30 minutos por sessão.
  • Frequência: 5-10 sessões.
• Benefícios Potenciais:
  • Melhoria da função visual residual.
  • Promoção de neuroplasticidade no córtex visual.

Evidências Científicas:

• Estudos preliminares sugerem que a estimulação transcraniana pode melhorar a função visual em pacientes com degeneração macular, especialmente quando combinada com treinamento visual ou reabilitação.
• Um estudo publicado na Nature (2017) mostrou que a estimulação elétrica transcraniana (forma de estimulação periférica) melhorou a sensibilidade à luz e a acuidade visual em pacientes com degeneração retiniana.
• Outros estudos indicam que a tDCS pode modular a atividade do córtex visual e melhorar a percepção visual em pacientes com degeneração macular.