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Da essência à integralidade !

Homeopatia

Homeopatia – Conceitos Fundamentais

Homeopatia

Por Susilaine Moraes Aquino

A palavra “homeopatia” tem origem em termos gregos. Ela é composta por duas partes:

  1. “Homoios” (ὅμοιος) – que significa “semelhante” ou “similar”.
  2. “Pathos” (πάθος) – que significa “doença” ou “sofrimento”.

Portanto, etimologicamente, “homeopatia” significa “semelhante sofrimento” ou “tratamento de doença com substâncias semelhantes”. Esse é o princípio fundamental da homeopatia, forma de medicina alternativa que se baseia na ideia de que uma substância que causa sintomas em uma pessoa saudável pode ser usada para tratar sintomas semelhantes em uma pessoa doente, em doses extremamente diluídas.

O conceito central da homeopatia é a “lei da semelhança”, formulada pelo médico alemão Samuel Hahnemann, que é considerado o fundador da homeopatia no final do século XVIII. Segundo essa lei, a substância que causa sintomas semelhantes aos da doença em indivíduo saudável pode ser usada para tratar a mesma doença em paciente doente, com a ideia de que essa substância estimulará a capacidade de cura do organismo. Ou seja, em homeopatia “se cura usando similares”

Desiludido com os tratamentos tradicionais – sangria, purgação e o uso de toxinas – o Dr. Hahnemann iniciou a experimentação da homeopatia em 1790. Logo de início se interessou pela casca da cinchona, usada para tratar malária, e notou que a ingestão da casca causava febre semelhante a provocada pela doença. Assim, desenvolveu o princípio de busca da substância que produzisse exatamente os sintomas da doença que se pretendia curar.

Ele sistematizou a ciência da homeopatia, propôs ferramenta diagnóstica homeopática ao indicar os fatores ativos a serem considerados na determinação da doença, e conclui que a “tintura mãe” deve ser usada de acordo com tais fatores.

Para tanto, identificava os sinais e sintomas por meio de observação e interrogatório ao paciente ou familiares e cuidadores (Quais são os sintomas? Como se sente? Onde dói?  Em qual direção caminha a dor? Como começou? O que a causou? O que faz sentir-se melhora? O que te faz sentir-se piora? Em qual horário ou período do dia ou da noite se agrava?).

Segundo ele, a proposta de tratamento tem como objetivo, tratar a pessoa de modo integral, e não a doença. Para isso, investiga a história completa da pessoa a fim de entender o que é necessário para restabelecer o equilíbrio de sua força vital.

Ele observou que a ação do medicamento homeopático se dá em vários níveis do sistema como um todo. Portanto, cabe ao profissional homeopata integrar o conhecimento sobre os sinais e sintomas clínicos com as frequências vibratórias de as Matérias Médicas (denominação geral de todas as ervas ou substâncias medicinais utilizadas na homeopatia, reconhecidas e preparadas de acordo com os princípios, métodos e conhecimentos tradicionais da Ciência da Homeopatia).

A Lei de Hudolf Arndt Hugo Schultz, denominada Lei Fundamental, ratifica os dados experimentais homeopáticos sobre a ação de substâncias altamente diluídas, e dinamizadas de acordo com a farmacotécnica simples (sucussionar a mistura a cada diluição na proporção de 1 parte do soluto para 99 partes do solvente) e estabelece que: 

  • excitações fracas, despertam;
  • as médias, aumentam;
  • fortes, deprimem;
  • e as exageradas, anulam a atividade vital, são paralisantes.

O resultado corresponde a relação de sintomas, denominados patogenéticos/pato genésico. Sendo que, cada substância (bem como cada pessoa), têm características peculiares, individuais, que refletem seus particulares poderes farmacodinâmicos (e reativos). Tais sintomas correspondem à patogenesia da substância. O conjunto de várias e diferentes patogenesias é denominado Matéria Médica Homeopática.

Outra importante contribuição para a validação da homeopatia como recurso de tratamento é a Lei de Hering, postulada pelo Dr. Constantine Hering, que inicialmente foi contestador da Homeopatia por considerá-la absurda. Mas que mudou completamente de ideia após ter recuperado seu dedo gangrenado, com a homeopatia. O que não foi possível com o tratamento em medicina convencional.

Ele passou a buscar a compreensão do processo de adoecimento e cura, o que ainda hoje é desconhecido por muitos profissionais da medicina convencional, e por meio de criteriosa pesquisa experimental, identificou um padrão no processo de cura, e assim postulou o que conhecemos hoje como: “As Leis de Cura de Hering”.

Sua contribuição possibilitou que tanto o médico quanto o paciente avaliem o processo e a evolução do tratamento.

Ele observou que o corpo externaliza a doença, em forma de sintomas. Segundo apurou, durante o processo de cura os sintomas aparecem e desaparecem na ordem inversa de seu surgimento, ou seja, o paciente pode apresentar sintomas antigos durante o processo de cura.

Observou também que o corpo se cura de cima para baixo, e na direção de órgãos mais vitais para órgãos menos vitais, de dentro para fora:

  1. Os sintomas desaparecem na ordem inversa à qual apareceram: o processo de cura progride em ordem definida, cronologicamente inversa (das doenças mais recentes às mais antigas). Durante o processo de recuperação, o paciente pode apresentar sintomas anteriores, de forma mais sutil e com menor intensidade, além de sumirem mais rapidamente do que quando surgiram.
  2. A cura ocorre de cima para baixo: sente-se alívio na parte superior do corpo, depois na parte inferior.
  3. A cura ocorre de dentro para fora, dos órgãos mais importantes (vitais) para os menos importantes: esse processo pode ser denominado exoneração, em que o corpo expele o que foi suprimido através de tratamentos anteriores que não resolveram a desarmonia da energia vital, e que apenas a suprimiram.

Outro fundamental modelo que embasa a homeopatia é o Modelo Hipocrático. De acordo com esse modelo energético (eletrônico), busca-se a regulação do padrão do fluxo energético (assim como ocorre em outras práticas, tais como a acupuntura). No caso da homeopatia essa regulação é realizada por meio de estímulo ou aumento da vibração eletromagnética positiva.

A intervenção visa o tratamento de alterações psicossomáticas, em que as questões mentais e emocionais, não bem resolvidas resultam em desequilíbrio no fluxo energético (estagnação) e, por consequência, atingem o corpo físico, manifestando-se como doença.

O tratamento por meio da homeopatia (vibrações eletromagnéticas positivas) resolve as estagnações ou bloqueios, já que promove o livre fluxo energético, que por sua vez permite inclusive as exonerações (agravamento pela liberação de toxinas: secreções purulentas, coceiras na pele ou episódios de diarreias).

Importante esclarecer que esse agravamento aparente revela a desejada crise curativa. Após o que, a energia vital é revitalizada e pode assim restabelecer a saúde.

De modo oposto a essa proposta do Modelo Hipocrático, é o modelo alopático ou medicina ocidental, que utiliza práticas médicas convencionais: avaliação por meio de exames clínicos diagnósticos, prescrição de medicamentos e intervenções cirúrgicas, que contrastam com a medicina natural ou integrativa.

É assim que ainda funciona a Medicina Psiquiátrica, conforme o modelo de Medicina Galênica. Em lugar de restabelecer a energia vital, o que se produz é justamente o desgaste dessa força. Neste caso, não se trata a origem ou a causa da doença e sim o sintoma manifesto. Ou seja, o que se realiza não é a cura, mas simplesmente a supressão dos sinais e sintomas. Ao invés de restabelecer a saúde e a vitalidade, o paciente vai enfraquecendo gradativamente todo o sistema até culminar na morte. Apesar disso, é necessário reconhecer as limitações da medicina natural, assim como da medicina convencional, e que, portanto, são complementares.

O modelo homeopático valoriza os sintomas psíquicos e emocionais como aspectos de alta hierarquia no conjunto das manifestações humanas, tanto na experimentação patogenética homeopática como para a compreensão da etiopatogenia dos distúrbios orgânicos. As características subjetivas também são ideais de cura da homeopatia, e os medicamentos que suprimem as manifestações clínicas indesejáveis sem propiciarem melhoras psíquicas e emocionais não são aceitos ou aplicáveis no processo curativo homeopático. Ou seja, todo o tratamento homeopático é personalizado, e se eficientemente conduzido deve atuar de modo integrado, tanto nos distúrbios psíquicos e emocionais quanto nos distúrbios gerais e físicos, a fim de garantir o bem-estar de todo o sistema.

A cura se processa dos órgãos de maior hierarquia para os de menor hierarquia, e a doença, ao contrário, se processa dos órgãos de menor hierarquia para os de maior hierarquia.

Assim, podemos avaliar a eficiência, ou não, do tratamento ao considerar as manifestações segundo a ordem hierárquica:

  • Nível Energético (sintomas raros e peculiares)

          9 – Completa desconexão da mente

          8 – Delírio destrutivo

          7 – Ideias paranoicas

          6 – Delírios

          5 – Letargia

          4 – Embotamento

          3 – Falta de concentração

          2 – Esquecimento

          1 – Distração

  • Nível Mental

          9 – Confusão mental

          8 – Depressão suicida

          7 – Apatia

          6 – Tristeza

          5 – Angústia

          4 – Fobias

          3 – Ansiedade

          2 – Irritabilidade

          1 – Insatisfação

  • Nível Físico (enfermidades)

          9 – Cérebro

          8 – Coração

          7 – Endócrinas

          6 – Fígado

          5 – Pulmão

          4 – Rins

          3 – Ossos

          2 – Músculos

          1 – Pele

A sequência da localização das manifestações físicas, emocionais, mentais ou energéticas, indica se o tratamento caminha para a cura, como se deseja, ou ao contrário, para a agravação do quadro. De qualquer modo, poderá nortear as decisões.

A fim de facilitar a ação de recuperação da saúde, em tratamentos homeopáticos, os recursos envolvem abordagem que busca estimular mecanismos naturais de prevenção e de recuperação da saúde, sempre com a aplicação de estímulos seguros. O que é realizado por meio de escuta acolhedora, necessariamente com vínculo terapêutico estabelecido, além de considerar a integração do ser com o meio ambiente e a sociedade.

A orientação do terapeuta deve visar a promoção do autocuidado.

Sabe-se que para restabelecer a saúde, deve-se conhecer a causa excitante, ou ocasional, da doença. Para tanto, deve-se investigar a história clínica a fim de identificar a causa fundamental: a constituição física do paciente; seu caráter moral e intelectual; a ocupação, modo de vida, seus hábitos e costumes; as interações sociais e domésticas; a idade; a atividade sexual, entre outras informações devem ser obtidas em criteriosa entrevista de anamnese.

Durante o processo de cura pode ocorrer o reaparecimento breve de sintomas antigos e com menor intensidade: emoções, sensações ou sintomas físicos. No entanto, devem desaparecer, à medida em que o organismo começa a se reequilibrar.

Os sintomas desaparecem na ordem inversa ao seu aparecimento, até a erradicação total de todos os sintomas. Cada pessoa fará o seu processo de modo único.

A saúde e o bem-estar serão resultado do equilíbrio do sistema. Sem a força vital o organismo material é incapaz de sentir, agir ou de conservar-se.   Portanto, para restabelecer a saúde, deve-se aniquilar as forças externas agressoras (desordens patológicas) que perturbam o harmonioso funcionamento da vida.  É justamente o mecanismo de ação do medicamento homeopático sobre a força vital, de modo imaterial e dinâmico, capaz de restabelecer a saúde com celeridade e de modo perene.

Não se deseja a supressão dos sintomas, o que seria a resposta negativa do sistema imunológico frente ao uso equivocado da energia da homeopatia. Neste caso, não apenas a doença ficou mais profunda, como também há destruição que não pode ocorrer em tratamento sistêmico e integral.

O método alopático trata por meio de medicamentos que produzem sintomas sem relação direta com o estado mórbido, nem semelhantes, nem opostos, mas diversos. Usa substâncias e medicações violentas, que colocam em risco a vida do paciente, já que sua ação é desconhecida e não pode ser controlada. O que pode levar a doença para outras regiões por derivação: cirurgias; eliminação dos sucos vitais pela evacuação provocada; por vômitos estimulados; suor; salivação; sangrias; e outras injúrias ao sistema.

Os sintomas persistentes da doença não podem ser removidos, nem transmutados, por medicamentos que provocam sintomas opostos (método antipático/enantiopático/paliativo). Ao contrário, reaparecem logo após alívio aparente e transitório, e ainda com mais intensidade e agravamento.

Necessário entender que curar a doença é diferente de suprimir sintomas. Curar consiste na restauração da saúde, de modo rápido, seguro, brando e permanente, e ainda com base em princípios claros e inteligíveis.

Atualmente a Ciência da Homeopatia, de modo constante, tem testado e aprimorado a prática clínica com os atuais recursos da tecnologia contemporânea, tais como a utilização de equipamentos para a dinamização dos medicamentos, assim como com a elaboração de softwares editáveis utilizados como mais outro recurso diagnóstico.

É justamente essa a proposta de tratamento da Homeopatia de Hahnemann: “o mais alto ideal da cura é o restabelecimento rápido, suave e duradouro da saúde ou a remoção e a destruição integral da doença pelo caminho mais curto, mais seguro e menos prejudicial”.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LATHOUD, J.A. Estudos de Matéria Médica Homeopática, 3ª ed. São Paulo: Editora Organon, 2021.

RIBEIRO FILHO, Ariovaldo. Repertório de Homeopatia, 2ª ed. 4ª reimpressão. São Paulo: Editora Organon, 2022.

HOMEOBRAS – Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Ciência da Homeopatia.

FAVILLA, José Paulo – SIHORE MAX V7.0 – Sistema de Homeopatia Repertorial.

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