Por Susilaine Moraes Aquino
Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital) estão trabalhando em uma solução sustentável para reduzir a poluição causada pelas embalagens feitas de plástico derivado do petróleo. Essas embalagens têm baixa capacidade de se decompor e são pouco recicladas, resultando em grandes quantidades de resíduos nos aterros sanitários e poluição nos oceanos.
Para lidar com esse problema, eles desenvolveram um filme biodegradável feito de limoneno, uma substância encontrada na casca de frutas cítricas, e quitosana, um biopolímero obtido de crustáceos. Esse filme preserva as características dos alimentos, como cor, brilho, odor, textura e sabor, além de suas propriedades nutricionais.
O limoneno, escolhido por ser abundante no Brasil, já foi usado em embalagens plásticas para ajudar na conservação dos alimentos devido às suas propriedades antioxidantes e antimicrobianas. No entanto, sua volatilidade e baixa estabilidade durante o processo de fabricação das embalagens prejudicavam seu desempenho.
Para contornar esse problema, os pesquisadores utilizaram o poli(limoneno), um derivado mais estável do limoneno, e a quitosana como matriz para o filme. Eles enfrentaram o desafio de fazer com que essas substâncias se misturassem, o que foi resolvido por meio de um processo chamado polimerização. O resultado foi um filme com propriedades bioativas aprimoradas.
Os testes mostraram que os filmes com poli(limoneno) apresentaram melhor desempenho do que aqueles com limoneno, especialmente em termos de capacidade antioxidante, que foi cerca de duas vezes maior. Além disso, o filme mostrou-se eficaz na proteção contra a radiação ultravioleta e resistente a temperaturas elevadas.
Embora os filmes ainda não estejam disponíveis comercialmente devido à falta de produção em larga escala da quitosana, os pesquisadores continuam otimizando o processo de produção do poli(limoneno) e explorando outras aplicações desse aditivo renovável, como na área biomédica.
Essa pesquisa recebeu financiamento da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e promete contribuir para a redução do impacto ambiental causado pelas embalagens plásticas convencionais, além de oferecer alternativa mais sustentável e preservando a qualidade dos alimentos por mais tempo.
Fonte: Agência FAPESP
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